quinta-feira, 24 de maio de 2012

Desenvolvimento da Motricidade e da Habilidade Motora


Desenvolvimento da Motricidade e da Habilidade Motora


Na cultura ocidental, numerosas crianças engatinham antes de começarem a andar, mas a capacidade para engatinhar não é uma condição indispensável para a aquisição da marcha; as variações em direção à deambulação incluem o uso do andador e o hábito de locomover-se escorregando. O engatinhamento é um ato biomecânico, muito diferente da marcha, no que se refere a função muscular, particularmente no que diz respeito aos ajustes posturais, visto que a base de apoio compreende vários segmentos do corpo.
            Não obstante, foram impostas na clínica restrições arbitrárias ao desenvolvimento locomotor, por exemplo, com base em pressupostos tais como a idéia de que o lactente deficiente precisa atravessar uma certa sequência em posição ventral, progredindo em sentido craniocaudal e próximo-distal, antes de tentar a posição  de pé. Há mesmo quem sugira que essa sequência engyada constitui a condição indispensável para o desenvolvimento das funções corticais superiores tal como a leitura, por exemplo. Essa opinião, segundo a qual a sequência em si seria indispensável, pode fazer com que se negue ao lactente portador de deficiência a oportunidade de experimentar a posição ereta sentada e a posição bípede.
            Assim, por exemplo, prevaleceu durante muito tempo na literatura fisioterápica (e em outras também) a opinião segundo a qual a extensão de cabeça e tronco em decúbito ventral precisa preceder a posição em pé ou que o ato de engatinhar precisa vir antes da deambulação, ou a posição sentada no chão antes de a criança sentar na cadeira. No entanto a falta de fundamento lógico e a falta de semelhança entre os elementos biomecânicos de duas ações, tais como a ereção da cabeça em decúbito ventral e na posição bípede, por exemplo, já deveriam por si só levar o fisioterapeuta a abandonar esse ponto de vista. Na vida real, a sustentação da cabeça, ao lado do controle da visão, estabelece-se provavelmente quando a criança é carregada, mantida em posição sentada, apoiada na posição em pé ou levada a caminhar pela mão dos pais.
            A maturação do SNC deve ser considerada como fator de importância crítica, mas a percepção, a cognição, a experiência e o ambiente também são fatores determinantes.

Comportamento em Decúbito ventral



Quando colocado em decúbito ventral, o lactente começa cedo (pouco tempo após o nascimento) a levantar a cabeça, num ato protetor de desvio da cabeça que se destina a manter livres a boca e o nariz. Entretanto, o lactente apresenta melhor capacidade para levantar a cabeça quando mantido de encontro ao ombro da mãe ou do pai do que em decúbito ventral, demonstrando que, mesmo nessa tenra idade, o movimento se torna mais fácil diante de condições mecânicas ideais. O lactente que passa algum tempo exercitando-se em decúbito ventral desenvolve a força dos músculos extensores: a capacidade para a extensão d cabeça e tronco se desenvolve mais rapidamente. Dentro de poucas semanas ele é capaz de ativar os extensores do pescoço e da porção superior do tronco com força suficiente para poder erguer a cabeça e olhar em sua volta.passadas mais algumas semanas, ele consegue levantar a cabeça e os ombros, apoiando-se sobre as mãos e os antebraços. Aos 5 meses, esse lactente será capaz de levantar a cabeça, ombros e pernas simultaneamente sobre a base de apoio, balançando-se para trás e para diante nessa posição. Nessa época, ele procura agarrar objetos durante o decúbito ventral, além de desenvolver a capacidade para o deslocamento lateral de sua massa corporal.

Comportamento em Decúbito Dorsal

            Inicialmente, a cabeça do recém-nascido normal pode não acompanhar o movimento quando ele é levantado do decúbito dorsal para a posição sentada. Por outro lado, quando se abaixa a criança da posição sentada para o decúbito dorsal, os flexores do pescoço se revelam às vezes capazes de contrair-se e de manter esta contração durante boa parte do movimento. Alguns lactentes apresentam nesta situação um nítido atraso da cabeça. Isso pode ser devido à disfunção do SNC, mas também pode ser consequência de um parto prolongado, durante o qual a mãe recebeu medicamentos capazes de deprimir o SNC do feto. Durante os primeiros 4 meses de vida, a força dos músculos abdominais e da nuca aumenta; o controle da cabeça em posição mediana parece ser progressivamente favorecido pela visão. A partir dos 5 meses, desde que um adulto lhe estenda as mãos para ajudar o lactente a sentar-se, este ativará os flexores do pescoço e do tronco em antecipação; aos 6 meses é capaz de levantar a cabeça espontaneamente. É bem provável que o lactente, se receber muita oportunidade para permanecer em posição ereta, desenvolve maior força e controle na musculatura do pescoço, em comparação aos lactentes que permanecem sempre em decúbito.

Referências: 

SHEPERD, Roberta B., Fisioterapia  em Pediatria, 3º edição, editora Santos.


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